É comum atribuir ao Estado a culpa pelos problemas e descaminhos do menor químico-dependente. E por infrações cada vez mais chocantes de jovens, principalmente nas grandes cidades.
Casos de jovens que bebem, atropelam, se destroem e deixam outros mortos dentro de carros destruídos.
Agressões entre jovens nas escolas, violências contra professores, tudo isso desenha um cenário preocupante e entristecedor.
As críticas podem não ter o foco correto e às vezes pecam por sensacionalismo ou por falta de informações, mas apontam problemas que o poder público, nos seus três níveis de governo, precisa enfrentar. Com perseverança.
Nesse sentido, é reconfortante que o Tribunal de Justiça de São Paulo tenha decidido colocar um posto móvel na região da Luz para determinar, quando necessária, a internação compulsória de menores que se destroem pelo crack e por outras drogas.
A Justiça se aproxima da realidade das ruas e, com 15 juízes destacados especialmente para a tarefa, pode acompanhar também o esforço que a prefeitura faz em várias frentes para minimizar tal drama.
Pouco se fala hoje da ação que reduziu a presença de crianças em faróis, para onde eram trazidas de manhã e recolhidas ao anoitecer, com a féria do dia no bolso de pais ou exploradores sem escrúpulos.
Quase nada se divulga do trabalho complexo de reinserção dessas crianças e jovens. É verdade, há muito o que fazer para envolver a escola, educadores, psicólogos e a sociedade nessa batalha diária.
Gostaria, porém, de falar um pouco do papel da família, que agora começa a "aparecer" nas pesquisas como núcleo valorizado, em torno do qual se forma uma sociedade sadia e responsável. Na verdade, a família nunca deixou de ser o centro inicial irradiador de valores, exemplo decisivo para crianças e jovens.
A assistência a centenas e centenas de famílias desestruturadas realizada pela Secretaria de Assistência Social, a criação de abrigos e de "tendas" como a do parque D. Pedro (onde o morador de rua vai se reintegrando aos poucos ao convívio humano)... enfim, há um enorme trabalho que se divulga aqui e ali, embora sem a dimensão que ele na verdade tem.
Mas essa frente de batalha nunca estará completa sem que as famílias, em todos os níveis sociais, passem, de fato, a assumir o papel de protagonistas, e não só de vítimas da droga, do álcool, da violência, do comportamento antissocial e desagregador que nos desafia.
Vi numa casa simples da periferia um avô dar um pito na netinha e depois mandá-la pegar um papel que jogara no quintal. "Pode pegar e jogar no lixo". A menina foi lá e pegou. E o avô me observou: "Se eu não faço isso agora, como é que ela vai depois obedecer a professora?".
Uma reflexão que nos remete à importância do núcleo familiar, em que aprendemos não apenas princípios mas também os limites do respeito à liberdade do outro.
Severidade -nunca violência. Diálogo, conversa -nunca gritos e ofensas. Lembro de quão valioso é estudar, fazer a lição com o pai ou com a mãe, sentir ali perto o vulto amigo, o calor do incentivo...
Trago vivas até hoje perguntas e observações abençoadas: "Já fez a lição?" "Chegou muito tarde ontem à noite..." "Vamos conversar!" "Quem é esse novo amigo que eu não conhecia?" "Olha lá, hein, não estou gostando nada dessa turma que vi com você". "Fez besteira, né? Eu avisei!". E lá vinha castigo.
Lembranças que tiro lá do fundo da alma... Severidades que alicerçaram princípios, nortearam amizades e relacionamentos.
Firmeza é condimento muito forte do amor. E como é! (p.A3)
*Prefeito da cidade de São Paulo
Casos de jovens que bebem, atropelam, se destroem e deixam outros mortos dentro de carros destruídos.
Agressões entre jovens nas escolas, violências contra professores, tudo isso desenha um cenário preocupante e entristecedor.
As críticas podem não ter o foco correto e às vezes pecam por sensacionalismo ou por falta de informações, mas apontam problemas que o poder público, nos seus três níveis de governo, precisa enfrentar. Com perseverança.
Nesse sentido, é reconfortante que o Tribunal de Justiça de São Paulo tenha decidido colocar um posto móvel na região da Luz para determinar, quando necessária, a internação compulsória de menores que se destroem pelo crack e por outras drogas.
A Justiça se aproxima da realidade das ruas e, com 15 juízes destacados especialmente para a tarefa, pode acompanhar também o esforço que a prefeitura faz em várias frentes para minimizar tal drama.
Pouco se fala hoje da ação que reduziu a presença de crianças em faróis, para onde eram trazidas de manhã e recolhidas ao anoitecer, com a féria do dia no bolso de pais ou exploradores sem escrúpulos.
Quase nada se divulga do trabalho complexo de reinserção dessas crianças e jovens. É verdade, há muito o que fazer para envolver a escola, educadores, psicólogos e a sociedade nessa batalha diária.
Gostaria, porém, de falar um pouco do papel da família, que agora começa a "aparecer" nas pesquisas como núcleo valorizado, em torno do qual se forma uma sociedade sadia e responsável. Na verdade, a família nunca deixou de ser o centro inicial irradiador de valores, exemplo decisivo para crianças e jovens.
A assistência a centenas e centenas de famílias desestruturadas realizada pela Secretaria de Assistência Social, a criação de abrigos e de "tendas" como a do parque D. Pedro (onde o morador de rua vai se reintegrando aos poucos ao convívio humano)... enfim, há um enorme trabalho que se divulga aqui e ali, embora sem a dimensão que ele na verdade tem.
Mas essa frente de batalha nunca estará completa sem que as famílias, em todos os níveis sociais, passem, de fato, a assumir o papel de protagonistas, e não só de vítimas da droga, do álcool, da violência, do comportamento antissocial e desagregador que nos desafia.
Vi numa casa simples da periferia um avô dar um pito na netinha e depois mandá-la pegar um papel que jogara no quintal. "Pode pegar e jogar no lixo". A menina foi lá e pegou. E o avô me observou: "Se eu não faço isso agora, como é que ela vai depois obedecer a professora?".
Uma reflexão que nos remete à importância do núcleo familiar, em que aprendemos não apenas princípios mas também os limites do respeito à liberdade do outro.
Severidade -nunca violência. Diálogo, conversa -nunca gritos e ofensas. Lembro de quão valioso é estudar, fazer a lição com o pai ou com a mãe, sentir ali perto o vulto amigo, o calor do incentivo...
Trago vivas até hoje perguntas e observações abençoadas: "Já fez a lição?" "Chegou muito tarde ontem à noite..." "Vamos conversar!" "Quem é esse novo amigo que eu não conhecia?" "Olha lá, hein, não estou gostando nada dessa turma que vi com você". "Fez besteira, né? Eu avisei!". E lá vinha castigo.
Lembranças que tiro lá do fundo da alma... Severidades que alicerçaram princípios, nortearam amizades e relacionamentos.
Firmeza é condimento muito forte do amor. E como é! (p.A3)
*Prefeito da cidade de São Paulo
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO
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