"Diante do que pudemos observar, não foi difícil encontrar o que chamamos o título ideal para o livro: "A Guerra dos Meninos". Uma guerra desigual, evidente, Mas uma guerra. É possível dizer e provar que hoje no Brasil existe um processo fragmentado e em crescimento de extermínio de menores infratores ou supostos infratores - uma política que conta com o apoio ou conivência de amplos segmentos sociais, apavorada com a insegurança dos grandes centros urbanos. Conta, sobretudo, com a participação, apoio ou conivência da polícia.
O apoio a essa política não é apenas uma afronta aos direitos básicos de qualquer indivíduo. Mas um perigo contra si próprio. Pelas pistas deixadas pelos assassinatos dos meninos mortos investigados neste livro é possível, entretanto, mostrar que essa suposta "limpeza" é mais um sinal de delinquência. Esses grupos de extermínio acabam, mais cedo ou não, encaantando-se com a própria força e impunidade e passam a agir como quadrilhas, assaltando ou traficando drogas, num exército paralelo cada vez mais distante do controle da sociedade.
São exércitos paralelos que matam por dinheiro. Quem mata por dinheiro faz tudo por dinheiro. E mata qualquer um - um dia é o "marginal" ou o suposto marginal, outro dia pode ser o parlamentar ou intelectual ou jornalista."
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