"Imagino ser natural que a experiência desta reportagem provoque abalos dos mais intensos nos radares emocionais do que as repetitivas entrevistas com ministros, deputados, senadores, burocratas, empresários, economistas. São mundos, entretanto, ligados - não se pode separar o menino desolado e agredido do burocrata ou ministro, que sustentam favores, traficam influência ou cultivam a incompetência - os descalabros reproduzem e solidificam o subdesenvolvimento. O foco de investigação deste livro é justamente a superfície mais necrosada da crise social brasileira, produzida pelo acúmulo da indiferença e negligência das elites e de seus governantes. Cada vez mais cresce a criminalidade infantil. E, cada vez mais, as crianças são vítimas de extermínios, que banalizam a pena de morte com julgamento e execuções sumárias. Nesse mundo os direitos individuais tornam-se um produto de luxo - um produto tão distante para essas crianças ou seus familiares como um pontinho de caviar ou um champagne Veuve Clicquot."
pág. 11/12
Nenhum comentário:
Postar um comentário