As conquistas sociais propagandeadas no Brasil não se verificaram na mesma proporção no ìndice de Desenvolvimento Humano (IDH). O relatório do IDH, divulgado todos os anos pela ONU, saiu na semana passada com uma triste constatação: entre os países emergentes dos Brics - incluindo China, Índia e Rússia -, o Brasil foi o que menos avançou. Ocorreram melhorias pontuais no campo da expectativa de vida, da escolaridade e da renda - além de pequenas variações positivas na área de saneamento e transporte -, mas mesmo nesses itens o máximo que o País conquistou foi alcançar o nível que os EUA se encontravam há 40 anos. Mais grave: o ritmo da evolução desses indicadores nacionais caiu. O Brasil mantém, inapelavelmente, um quadro de desigualdade crônica que o impede de alcançar o grupo de elite entre os que mais civilizadamente atendem a sua população. No ranking, a posição brasileiro foi de 84º lugar entre as 187 nações avaliadas. Do ano passado para cá, o País subiu apenas uma colocação. Esse desenvolvimento a passos lentos é fruto, principalmente, do baixo volume de investimentos que o setor público tem descolado para solucionar o enorme e histórico déficit social, que cresce geometricamente com o aumento da população. A equação que não fecha condena milhões a viver em estado de miséria absoluta. A preocupação social passou a ser a bandeira de luta dos últimos governantes, mas o Brasil segue alargando o fosso que separa ricos e pobres. A inclusão social é uma quimera para a imensa maioria. Os benefícios criados são, em boa parte, desviados por esquemas de fraudes ou distorções na seleção dos atendidos. Falta fiscalização adequada e sistemática, planejamento e priorização de verbas para os programas dirigidos às camadas mais carentes. Na América Latina, o Brasil ainda tem de amargar a triste situação de estar na lanterna entre as dez principais nações, perdendo feio para Chile, Argentina, Uruguai, Méximo, Panamá, Costa Rica, Peru e mesmo Cuba, Venezuela e Equador. Um contraste inadmissível para quem, há anos, vem liderando economicamente a região.
Fonte: Editorial da Revista ISTOÉ, nº 2191, pág. 20 de 9/11/11
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