quarta-feira, 10 de agosto de 2011

DA COLUNA DE MARCELO RUBENS PAIVA, no ESTADÃO DE HOJE

"O Brasil fica no sul.
A Austrália no norte.
O México no sul.
Como o Egito, Síria, Irã, Jordânia.
Já Israel fica no norte.
Índia? Sul.
Chile e Argentina, como todos os países africanos, e até a China, ficam no sul.
Não sou eu o maluco que reinventou a geografia.
Nem as placas tectônicas mudaram os países de lugar; ainda.
Mas é assim que meus sobrinhos franceses aprenderam na escola.
E é assim que estudantes europeus aprendem a dividir o mundo.
O que é rico e tem um bom IDH [índice de Desenvolvimento Humano] é norte.
O resto é sul.
Imaginei que fosse uma expressão colonialista que sobreviveu às revoluções, já que toda caravela que partisse dos impérios para conquistar o novo mundo deveria seguir primeiro para o sul.
Que nada.
O limite foi criado em 1980 pelo Willy Brandt, ex-chanceler alemão.
Sem a precisão e representação de hemisfério norte e sul, mas da riqueza do mundo.
Com a crise mundial, especialmente a europeia, a simplificação está totalmente desatualizada.
Já era inútil antes.
Agora então…
Porém, continuam a ensinar nas escolas, inclusive com mapas: só existe o norte e o sul.
E somos todos iguais na parte debaixo do mapa.
Talvez a quebradeira dos países ricos diminua a pretensão e a forma de ver o mundo.
Ou talvez a forma ultrapassada de ver o mundo que os fez quebrar." - EU GRIFEI.

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