Londres pôs 16 mil policiais nas ruas para tentar conter o incêndio de carros e prédios que vinha consumindo a cidade desde o começo da semana, depois da morte de um jovem negro nas mãos da polícia. No mesmo dia em que a face pobre da Grã-Bretanha saiu dos guetos para dar a cara a tapa, 200 mil manifestantes cobriram as ruas de Tel-Aviv a fim de exigir aluguéis mais baixos e escolas gratuitas para seus filhos. "Isto é o Egito", cantaram os israelenses, ecoando a já emblemática Praça Tahrir, no Cairo. Na terça-feira, e pela segunda vez na semana, cerca de 100 mil estudantes chilenos foram bater panela nas calles de Santiago, dessa vez ao lado dos pais, para exigir reformas na educação.
Com um olhar atento sobre todos esses fenômenos, Saskia Sassen, socióloga holandesa naturalizada americana e uma das principais teóricas da globalização, revê a numeralha da semana e dá seu parecer: "Chegamos a um tipping point". O que ela quer dizer com isso é que o mundo alcançou um ponto crítico, decisivo. E sugere que todos os eventos descritos acima estão de alguma maneira relacionados à lógica excludente da globalização. É possível ainda somar a eles a contagem semanal de manifestantes mortos nas ruas árabes e os 12 milhões de pessoas que sofrem de fome crônica no Chifre da África. "Ao longo de 30 anos houve perda de renda de metade da população mundial e tamanha concentração no topo que simplesmente chegamos ao limite. É a explosão disso que estamos vendo agora nas nossas cidades."
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